Para compreender o contexto internacional: história

Prof. Gabriel Terra Pereira

IFSP Câmpus Catanduva

Agosto de 2021

Diante dos acontecimentos dos últimos dias no Afeganistão e no Haiti, a procura por informações e por compreensão acerca do contexto internacional tem sido cada vez maior.

Nesse sentido, é importante destacar questões fundamentais para além da profusão de vídeos cheios de ilustrações e de publicações em redes sociais com escassos caracteres até longos textos.

Primeira questão: para se compreender a dinâmica do que acontece tanto no Haiti quanto no Afeganistão é preciso uma boa dose de compreensão e consciência históricas. Fernand Braudel mencionava as diferentes temporalidades da história e destacaria aqui a curta, a média e a longa durações.

Quero dizer que, para além da catástrofe humanitária existente no Haiti após terremotos e o assassinato do chefe de Estado recentes, se faz necessário compreender como o país se tornou independente na transição dos séculos XVIII e XIX e como o peso de indenizações à França condenou o país a uma condição de impossível desenvolvimento econômico e social. Em outras palavras, não se visualiza o quadro todo apenas com os fatos recentes. Olhar e entender o passado é fundamental.

Quanto ao Afeganistão, o mesmo. Circulam imagens sobre anos anteriores à presença soviética no país e o período trágico comandado pelo Talibã. Mas são escassas as críticas feitas à gestação deste grupo por parte dos Estados Unidos no apagar das luzes da Guerra Fria. Acrescento que, na lógica das durações braudelianas, faz-se necessário olhar para o papel da região por ocasião do imperialismo europeu no século XIX e o quanto a disputa entre britânicos e russos contribuiu para reforçar problemas internos e estimular novas contendas.

Seguem duas indicações de leitura para contribuir com a compreensão mais geral sobre os temas.

CHOMSKY, Noam. Quem manda no mundo? São Paulo: Planeta, 2017.

HALLWARD, Peter. Opção Zero no Haiti. In: SADER, Emir (org.). Contragolpes. São Paulo: Boitempo, 2006, p.219-242.

Prof. Gabriel Terra Pereira